Comunicação, desenvolvimento, trabalho: perspectivas críticas

Autores: Gilson Raslan Filho, Janaina Visibeli Barros

Ao organizarmos este volume, tínhamos em mente, senão responder, iluminar as duas faces de um mesmo fenômeno: o excesso da comunicação e a exiguidade do trabalho. Como é óbvio supor, tendo em vista que vivemos na assim chamada sociedade da informação e da comunicação, há quase uma onipresença dessas duas palavras na produção intelectual contemporânea. Dificilmente há algum campo do conhecimento que não se depare com as consequências – éticas, sociais, políticas, econômicas, culturais – das tecnologias de informação e comunicação. Em alguns casos, essas tecnologias são encaradas como um desafio a mais – porém, na maioria dos casos elas estão diretamente associadas a um outro vocábulo que trouxemos para este volume: desenvolvimento. Comunicação – e informação – são, assim, reivindicadas e associadas a tecnologia e desenvolvimento, ambas tensionadas entre si quase como palavras sinônimas. Por outro lado, há uma exiguidade da palavra trabalho na produção acadêmica – muito embora, é forçoso admitir, tenha havido, nos últimos anos, com o surgimento do substantivo com sentido verbal uberização no horizonte intelectual, mas sobretudo no cotidiano, um crescente interesse sobre os sentidos do trabalho e os impactos das plataformas da auto intitulada economia colaborativa nos humanos. Não obstante, essa renovação do interesse sobre o trabalho parece ser apenas uma resposta tardia para os problemas que se avolumaram com as mais de quatro décadas em que se acreditou que eram a comunicação, a informação, a técnica, a ciência os únicos atores do desenvolvimento humano, os únicos capazes de conferir valor para a existência humana.

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