O relatório brasileiro do Fairwork, projeto em âmbito mundial promovido pela Universidade de Oxford, reforça os sérios problemas enfrentados no dia a dia pelos trabalhadores que atuam junto a empresas de plataforma no país.
O levantamento, organizado por Rafael Grohmann, coordenador do Laboratório de Pesquisa DigiLabour e professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), teve colaboração de pesquisadores do CPCT.
A análise foi feita com seis das maiores plataformas, que receberam pontuação de 0 a 10, a partir de cinco princípios de trabalho justo estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT): remuneração, condições laborais, contratos, gestão e representação.
NOTAS BAIXAS – “Este primeiro relatório fornece evidências de que os trabalhadores por plataformas, como em muitos países do mundo, enfrentam condições de trabalho injustas e sofrem sem proteções“, conta Rafael Grohmann, que lidera a iniciativa no Brasil.
Nenhuma das plataformas avaliadas obteve nota boa. A maior pontuação, que somou 2, foi alcançada por iFood e 99. A Uber marcou 1 e, por sua vez, Rappi, GetNinjas e Uber Eats ficaram com 0. Como o levantamento ocorreu ao longo de 2021, os pesquisadores decidiram manter a Uber Eats, que anunciou recentemente o encerramento de suas atividades no país.
Chama a atenção que somente uma das empresas (99) conseguiu comprovar que todos seus profissionais recebem valor acima do salário mínimo (R$ 1.212 em 2021). “A maioria das plataformas, no entanto, não atinge esse limite básico, pois não possui um piso de remuneração e/ou cobra altas comissões ou taxas. As tarifas e as horas de trabalho também são altamente voláteis, levando a uma alta insegurança de renda para os trabalhadores“, destaca o documento.
O relatório, lançado também em versão para o idioma inglês, traz ainda depoimentos de trabalhadores e o panorama da atividade no contexto da pandemia da Covid-19.
Pelo CPCT, além de Rafael Grohmann, contribuíram na pesquisa Roseli Fígaro, Claudia Nociolini Rebechi, Ana Flávia Marques e Camilla Acosta Camargo.
Acesse a versão em português aqui. Se preferir, leia o levantamento em inglês aqui.
Um bom exemplo da repercussão da divulgação do relatório na mídia pode ser visto na análise feita em coluna do portal UOL, com depoimento de Claudia Nociolini Rebechi. Disponível aqui.