O papel das TICs na organização do trabalho de arranjos alternativos de mídia

Autores: Ana Flávia Marques, Jamir Kinoshita, João Augusto Moliani

O artigo é um recorte da pesquisa “As relações de comunicação e as condições de produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia”, do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT-ECA-USP), realizada entre 2016 e 2018 com aporte financeiro da Fapesp. Pretendemos mostrar como as tecnologias de informação e comunicação (TICs) organizam novas configurações de trabalho desses arranjos. Nesse sentido, buscamos compreender o funcionamento do espaço virtual, o perfil dos profissionais e o sentido da atividade laboral, centrando a investigação na análise das entrevistas aprofundadas de seis iniciativas – Jornalistas Livres, Mídia Ninja, Pressenza, Viomundo, Opera Mundi e Volt Data Lab – que compõem o grupo de 25 arranjos do estudo ampliado. Cumpre destacar que o critério de seleção para se chegar ao corpus empírico investigado se baseou na proximidade, uma vez que os autores já estavam estudando esses arranjos no trabalho coletivo. O percurso metodológico iniciou-se a partir do Mapa de Jornalismo Independente da Agência Pública4, sendo acrescido de novos arranjos a partir da técnica snow ball, avaliações dos arranjos, definição de categorias de análise, entrevistas e discussão em grupo focal e posterior análises de discursos. Para este artigo, usamos como referenciais teóricos a imbricação entre comunicação e mundo do trabalho, compreendendo que a atividade linguageira permite entender o trabalho exercido nesses arranjos. A partir da perspectiva ergológica, que dá sentido ao inédito da atividade dos trabalhadores, observamos a dinâmica de operacionalização das TICs que reorganizam – e recriam – o fazer jornalístico em diferentes modos, não necessariamente em formato mais democrático. Por fim, discutimos o significado dessas redações virtuais no bojo prático de funcionamento de cada arranjo. O quadro teórico utilizado para esta pesquisa inclui os seguintes autores: FIGARO (2001), GIL (1999) e SCHWARTZ & DURRIVE (2008).

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