Roseli Figaro, coordenadora do CPCT, contribui para o debate sobre os rumos da inteligência artificial no Brasil durante reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília

Na última quinta, 7 de março, Brasília foi palco de uma importante reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), cujo tema central foi “Os Avanços da Inteligência Artificial no Brasil”. A Dra. Roseli Figaro, coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) e do projeto temático Fapesp (2023-2028), “Datificação da atividade de comunicação e trabalho de arranjos de comunicadores: os embates com as determinações das empresas de plataformas”, foi uma das especialistas convidados para o   evento.

O encontro foi estruturado em quatro eixos de abordagem, cada um sendo brevemente apresentado por um pesquisador. Figaro teve a oportunidade de compartilhar suas considerações com o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que preside o Conselho, bem como com os demais membros presentes, centrando sua exposição no tema “Impactos e Oportunidades da IA no mundo do trabalho”.

Em sua apresentação, Roseli Figaro destacou os impactos profundos que a Inteligência Artificial tem gerado no ambiente laboral.  A professora delineou a complexa infraestrutura por trás da IA, ressaltando a necessidade de recursos como minérios, água e satélites para alimentar os datacenters e suportar a vasta rede de operações. Sublinhou também a importância dos dados como o combustível que alimenta a máquina da IA, provenientes das interações sociais e das atividades humanas cotidianas.

Alertou, para a invisibilidade dos trabalhadores que sustentam essa cadeia produtiva. Desde mineiros e entregadores de aplicativos até anotadores de dados, profissionais que são peças fundamentais, mas muitas vezes estão à margem, sem direitos trabalhistas e sem reconhecimento.

A pesquisadora discorreu sobre o novo paradigma do mundo do trabalho, onde os algoritmos determinam ritmos e condições laborais, gerando uma falsa sensação de autonomia e liberdade, denunciando a desregulamentação e a falta de proteção dos trabalhadores frente às empresas globais de plataformas, que desconsideram as legislações locais e perpetuam um sistema desigual.

Além disso, Figaro salientou a necessidade urgente de uma governança global para regular as cadeias produtivas da tecnologia contemporânea, enfatizando a importância da participação ativa dos países do Sul Global nesse processo.

A apresentação de Roseli Figaro trouxe à tona questões cruciais sobre os desafios éticos, sociais e trabalhistas decorrentes do avanço da Inteligência Artificial, evidenciando a urgência de um diálogo amplo e a implementação de medidas concretas para mitigar seus impactos negativos e promover um ambiente de trabalho justo e equitativo.

Além do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o evento contou com a participação da vice-presidente do Conselho Nacional de Ciências e Tecnologia, Ministra Luciana Santos e, além de Roseli Figaro, mais 2 especialistas apresentaram suas perspectivas sobre o tema. Conselheiros titulares, representando os diferentes segmentos do Conselho, também tiveram a oportunidade de compartilhar suas opiniões em discursos sobre o assunto.

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