Estamos no segundo ano da pandemia de Covid-19 e no Brasil são mais de meio milhão de mortos. O dramático quadro brasileiro motiva a realização desta segunda rodada da pesquisa: Como trabalham os comunicadores no contexto de um ano da pandemia de Covid-19?
Nosso objetivo é acompanhar com dados fidedignos a situação de vida e trabalho dos profissionais da comunicação. O formulário da pesquisa foi divulgado por uma rede de 26 instituições associativas, profissionais e acadêmicas, em parceria com o Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT-ECA-USP).
Obtivemos 994 respondentes validados, oriundos de todos os Estados do país, do Distrito Federal, um do México e outro da Holanda. As respostas compõem um conjunto de informações sobre as rotinas de trabalho, as condições em que são realizadas, as dificuldades, os desafios e os temores dos profissionais que atuam na área de comunicação.
Eles e elas são profissionais que trabalham no jornalismo, na comunicação das organizações de diferentes perfis, instituições públicas e privadas, internamente ou via agências de comunicação e de publicidade, prestando serviços também a personalidades, autoridades e empresas de mídia. Na produção jornalística, na divulgação científica, no setor de saúde, seja em órgãos públicos ou privados, hospitais, secretarias estaduais ou municipais ou no apoio institucional, os profissionais da comunicação são requisitados e fundamentais.
Neste período de pandemia, o distanciamento social foi adotado como ação profilática principal para evitar ainda mais danos. O mundo do trabalho foi transportado para um universo paralelo de controvérsias sobre o que e como fazer para se manter a atividade laboral.
Nem todos puderam transferir o espaço do trabalho para o ambiente doméstico e adotar o sistema do teletrabalho – o home-office – e a modalidade mista também passou a constar nas agendas dos comunicadores.
No entanto, aqueles que atuaram na linha de frente no combate à pandemia, como os profissionais da saúde e tantos outros em atividades fundamentais, – como os do comércio de alimentos e de transporte –, mantiveram o seu trabalho e sofreram mais com a contaminação ou, até mesmo, sucumbiram à doença.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Polis, em São Paulo, constatou que “76,7% dos trabalhadores que vieram a óbito não tinham completado a educação básica”. Entre eles estão as empregadas domésticas e os profissionais da construção civil.
Já os trabalhadores da comunicação têm nos jornalistas o maior número de perdas. Segundo o levantamento da Federação Nacional do Jornalistas (FENAJ), nos primeiros três meses de 2021, morreram mais profissionais vítimas da Covid-19 do que em todo ano de 2020.
Como realizadores de trabalho essencial para a sociedade, os trabalhadores da comunicação têm enfrentado todo tipo de dificuldades para manterem-se em atividade. Os resultados da pesquisa que apresentamos neste relatório indicam a necessidade de repensarmos as formas de organização do trabalho, a urgência de condições dignas e sustentáveis para o exercício profissional e os necessários cuidados com a saúde física e mental desses profissionais.
Como trabalham os comunicadores no contexto de um ano da pandemia de Covid-19: …1 ano e 500 mil mortes
Autores: Ana Flávia Marques, Camila Acosta Camargo, Claudia Nociolini Rebechi, Daniela Ferreira de Oliveira, Jamir Kinoshita, Janaina Visibeli Barros, João Augusto Moliani, Naiana Rodrigues da Silva, Roseli Figaro, Yonara Aparecida Santana
