Acaba de ficar pronta a publicação do relatório sobre a segunda fase da pesquisa iniciada em 2017, que retrata as relações de comunicação e as condições de produção no trabalho dos jornalistas que atuam nos arranjos alternativos e independentes.
Sob o título Discurso jornalístico e condições de produção em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia, a obra traz uma minuciosa análise, elaborada pelos pesquisadores do CPCT, a respeito do material jornalístico produzido por 30 dessas iniciativas durante a semana do primeiro e do segundo turno da eleição presidencial de 2018.
Para tanto, houve a coleta dos conteúdos que estavam disponíveis nos sites e nas redes sociais (Facebook e Twitter) dos arranjos nesse período.
“Os resultados mostram uma diversidade de abordagens editoriais, múltiplas formas de organização do material produzido, ritmos de produção diferentes e concepções editoriais também diferenciadas: umas mais se aproximam do conjunto de valores do jornalismo da racionalidade liberal, e outras desafiam certos parâmetros consolidados, estabelecendo diálogos mais amplos e comprometidos com seus públicos“, afirma a coordenadora do CPCT, Roseli Fígaro.
Segundo ela, que também responde pela organização da publicação, foi possível constatar três tipos de coberturas: o engajamento no acompanhamento da campanha de candidatos da esquerda; a veiculação de temas polêmicos que não interessavam aos candidatos e os posicionamentos da campo da direita; e o foco em questões de gênero e identidade que foram alvo de ataque dos candidatos da direita.
A obra, com 465 páginas, tem acesso livre e pode ser consultada aqui. A apresentação é dos pesquisadores Cláudia Nonato e Fernando Pachi. O estudo que originou o relatório contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A primeira fase da pesquisa, cujos resultados estão disponíveis aqui, foi realizada com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Na parte final da publicação há os documentos de pesquisa, que registram o caminho percorrido pelo CPCT para a formulação teórica e metodológica adotada na análise realizada.
“Os novos arranjos do trabalho dos jornalistas têm um potencial de renovação, de mudança, de transformação do jornalismo e das relações de trabalho e de organização do trabalho no jornalismo. Um potencial vibrante de mudanças que depende para se efetivar do engajamento social, da democratização dos meios de comunicação, via a regulamentação da atuação das empresas de plataformas no setor da comunicação. Esse engajamento é necessário não somente para ampliar e revigorar o jornalismo. Essa ação engajada da sociedade é necessária para mantermos a democracia, quiçá alcançarmos ampliá-la“, pondera Roseli Fígaro.
Confira a íntegra do relatório da segunda fase da pesquisa do CPCT sobre os arranjos jornalísticos alternativos e independentes aqui.